Como estudar sem abrir mão do descanso nas férias

Especialista explica como deve ser a rotina dos Enenzeiros durante as férias

As férias de julho chegam trazendo a tradicional promessa de descanso, mas também uma dúvida que inquieta muitos estudantes prestes a encarar o Enem: é hora de relaxar ou seguir firme na rotina de estudos? A resposta, segundo especialistas, está longe de ser uma escolha binária. Mais do que escolher entre estudar ou descansar, o desafio é entender que o equilíbrio entre os dois pode ser a melhor estratégia para quem quer chegar bem preparado ao fim do ano.
Segundo Ana Carolina Guedes Mattos, professora do curso de Pedagogia da Estácio, a pausa é parte essencial do processo de aprendizagem. “Descansar é tão importante quanto estudar. O cérebro precisa de tempo para consolidar o que foi aprendido, caso contrário, o excesso de esforço pode gerar o efeito contrário: cansaço, ansiedade e até bloqueios de memória”, explica. Para ela, o famoso “branco” na hora da prova não é coincidência, mas sim reflexo de uma sobrecarga mental que poderia ser evitada com uma gestão mais equilibrada do tempo.
A ciência já comprovou que a memória de longo prazo depende de pausas para se fixar. Isso significa que o estudante que insiste em longas jornadas sem descanso pode até se sentir produtivo, mas está sabotando silenciosamente sua retenção de conteúdo. Ana Carolina recomenda, inclusive, que se reserve pelo menos uma semana de férias reais, com atividades leves, tempo para lazer e desconexão das obrigações escolares. “Assistir a um filme, caminhar ao ar livre, conversar sobre outros assuntos… tudo isso também faz parte do aprendizado, mesmo que de forma indireta”, garante.
Ainda assim, é possível aproveitar parte das férias para manter os estudos em dia — desde que haja planejamento e respeito ao próprio ritmo. Nada de seguir cronogramas engessados da internet ou tentar compensar o tempo perdido em maratonas de conteúdo. “Cada estudante tem um funcionamento diferente. O ideal é montar um plano realista, com horários definidos para estudar e também para descansar, se alimentar bem e dormir com qualidade”, afirma a pedagoga. Técnicas como a do Pomodoro, que alterna blocos curtos de estudo com pequenos intervalos, podem ser boas aliadas nesse período, pois evitam o cansaço extremo e aumentam a produtividade.
Outro ponto importante é diversificar os modos de estudar. A velha fórmula do caderno e caneta pode funcionar para alguns, mas há outros caminhos que podem ajudar na fixação do conteúdo de maneira mais leve. Mapas mentais, fichas com palavras-chave e até podcasts educativos entram na lista de ferramentas válidas. “Quando você assiste a uma série histórica, por exemplo, ou lê uma notícia internacional, está alimentando seu repertório, ampliando vocabulário e entendendo contextos. Tudo isso ajuda muito, especialmente na redação e nas questões de ciências humanas”, observa Ana Carolina.
Mas não basta ter um bom cronograma e técnicas eficazes. A motivação também precisa entrar na equação — e essa pode oscilar bastante durante as férias. “É comum sentir dificuldade para voltar ao ritmo depois de um período de lazer. Por isso, recomendo que se retome os estudos com conteúdos mais leves, revisões simples ou temas de interesse pessoal, e só depois vá intensificando a carga”, aconselha a educadora.
No fim das contas, o que se busca é um preparo completo, que vai além do conteúdo. O Exame Nacional do Ensino Médio também é uma prova de equilíbrio emocional, e isso se conquista aos poucos, respeitando os próprios limites. “Dormir demais, estudar demais, focar demais… tudo em excesso faz mal. O desafio do vestibulando é encontrar o meio-termo entre o esforço e o cuidado consigo mesmo”, resume Ana Carolina.
Portanto, se a ideia era aproveitar as férias para dar um gás nos estudos, talvez seja o momento de redefinir o que significa realmente estudar. Ao incluir o descanso como parte da estratégia, o candidato não apenas preserva sua saúde mental como aumenta suas chances de sucesso. Afinal, aprender a estudar com inteligência é, muitas vezes, mais valioso do que estudar com intensidade.

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