Caxambu segue sem intervenções três anos após tragédia

Demétrio do Carmo | Redação

Três anos após os dois temporais (o último foi no dia 2 de março de 2022) que deixaram um rastro de destruição em Petrópolis, o bairro Caxambu continua sem qualquer intervenção, seja por parte da prefeitura ou do governo do estado. Moradores relatam o estado de abandono em que até hoje se encontra o local, conhecido como “Pedreira”, na rua Bartolomeu Sodré, onde nove pessoas perderam a vida em um deslizamento, no dia 15 de fevereiro de 2022. De lá para cá o cenário pouco mudou, a não ser pelo matagal que tomou conta do local. Casas abandonadas e escombros chamam a atenção de quem passa pela via.
“Não fizeram nada até hoje. Ainda há risco de barreira porque a pedreira apresenta rachadura. Infelizmente temos que conviver com o medo a cada temporal”. A sensação é que o bairro não existe para o poder público, relatou a Elizete Martins, que assim como muitos vizinhos, continuam residindo no local.
Outra questão que incomoda os moradores é a falta de manutenção, iluminação, capina e limpeza do que restou das residencias atingidas. O risco de atropelamentos também preocupa, uma vez que não foi feito uma devida proteção na encosta.
“Há um ponto cego dentro da curva que com o mato alto e a falta de iluminação pode causar um grave acidente com um pedestre”, relata Elizete.
As obras, orçadas em R$ 31 milhões, foram prometidas pelo Estado porém as licitações nunca foram realizadas. Em 2023, após uma reunião com o Ministério Público, a prefeitura assumiu pequenas intervenções na referida rua, porém pelo alto custo se disse impedida de realizar a contenção no local onde caiu a barreira.
Em outro ponto do bairro, na Rua Waldemar Ferreira da Silva, no mesmo dia um deslizamento arrastou casas e deixou dezenas de desabrigados na localidade conhecida como “Morro do Pinto”. Apesar de não ter havido vítimas fatais, as casas continuam abandonadas, muitas delas foram saqueadas. O local está interditado porém uma das casas atingidas, continua de pé, podendo ruir a qualquer momento e atingir a rua principal.
“Esta casa que está pendurada apresenta grande risco de desabamento, podendo atingir alguém passando na rua a pé ou de carro e pode até atingir nossas casas aqui embaixo”, disse um morador.

RESPOSTAS

Em nota, a prefeitura informou que há dois imóveis para demolição, sendo um na Bartolomeu Sodré e outro na Waldemar Ferreira da Silva. Ambos os serviços serão feitos durante a execução das obras de contenção e drenagem, que estão previstos nos projetos selecionados pelo PAC. A Comdep disse que os serviços de capina e roçada são realizados conforme um cronograma. A comunidade está incluída e será atendida. Já o Departamento de Iluminação Pública já executou a manutenção de 78 pontos de luz e duas extensões de rede no bairro Caxambu neste ano. O órgão tem um pedido de reparos em cada uma das ruas, que já estão incluídas na programação de serviços.

O governo do Estado também se pronunciou dizendo a obra está em fase final de licitação interna, ou seja, de planejamento da contratação, e até o próximo mês passará para a seleção da empresa executora. A intervenção prevê a execução de obras de requalificação urbana e drenagem na Rua Bartolomeu Sodré envolvendo serviços de retaludamento, revegetação com biomanta, estabilização de blocos rochosos com tela metálica ancorada com chumbadores, execução de cortina atirantada e de drenagem superficial. A área total que receberá a iniciativa é de 11.049,66m² e a extensão da drenagem é de 364,90m. O investimento para a obra é de R$ 31 milhões.